Informação está associada à história da transformação da comunicação humana cujas experiências sensoriais se estendem às intelectuais que se acumulam. Do indivíduo para a sociedade, da cultura oral para a escrita e desta para a eletrônica.
E com o aperfeiçoamento da escrita eletrônica, a percepção humana de mundo passou a combinar os sentidos com os quais o ser humano tece novos modos de sua leitura de realidade, de verdades, do seu instante imediato ou da sua imaginação sobre o tempo futuro.
O percurso histórico do acúmulo documental e a sobrecarga da informação também indicam que a Bibliografia e a Documentação permanecerão necessárias, levando aos horizontes do uso da informação tantos outros assuntos que caracterizam o presente quanto o futuro do trabalho bibliográfico-documental.
Slide 1: Historiografia da Bibliografia e Documentação: Época Histórica segundo Malclès.

Todavia, os valores atribuídos à informação evidenciam que a humanidade continuará a buscar a quimera de ter acesso a tudo em um único lugar, de modo rápido e seguro. É em todo esse contexto que os estudos no campo da Bibliografia e Documentação continuam a ser atuais.
Das bibliografias monográficas sucederam as seriadas. Daquelas de cobertura nacional o trabalho bibliográfico se ampliou para o nível internacional. Depois, do formato impresso e analógico para o meio eletrônico em sucessivas interfaces de interação do internauta e modelos distintos de estoques de dados.
E do uso do software e das redes de computadores para a interoperabilidade tecnológica baseada em interconexões de redes de conhecimento, o trabalho bibliográfico se multiplica exponencialmente ao infinito e com isso, a expansão da bibliografia demonstra novos produtos e serviços bibliográficos que bibliotecários e documentalistas podem desenvolver e empreender.
Se na Modernidade, a abundância de documentos já existentes podia produzir efeito de frustração para estudiosos e pesquisadores que queriam descobrir tópicos de seus interesses, a irrupção da nova mídia baseada em rede também contribuiu para ampliar o problema.
Se o ritmo frenético da mudança tecnológica torna difícil, se não impossível, concentrar-se em livros e textos desafiadores, o desenvolvimento das tecnologias digitais já impactou as duas últimas décadas, marcadas pela emergência e pela popularização da Internet em seu papel central junto a outros fatores de mudanças tecnológicas.
Em torno das transformações sociais e econômicas, “encontra-se a ideia de rede como modo de representação da sociedade” (Castells, 2003,, p. 270),
Segundo Castells (2003, p. 270) a ‘sociedade em rede’ tem sua própria geografia formada por “[…] redes e nós que processam o fluxo de informação gerados e administrados a partir de lugares. Como a unidade é a rede, a arquitetura e a dinâmica de múltiplas redes são as fontes de significados e função para cada lugar”.
Slide 2: Historiografia da Bibliografia e Documentação: Época dos mundos virtuais, segundo Alentejo.

Mas nesse novo e mutante ambiente de interações sociais, a quantidade de dados e da circulação da informação cada vez mais são imensuráveis, a Bibliografia e a Documentação se tornaram ciência, técnica e instrumento simultâneos para conectar mentes com diversos interesses, conectadas e interligadas em rede.
Se a evolução das tecnologias Web pode mudar tradicionais meios de depósito e hospedagem de documentos digitais, por exemplo, bases de dados, banco de dados, repositórios dentre outros, o trabalho bibliográfico que as mantém ainda indispensáveis, continuaria fundamentado na dinâmica sistêmica de colecionar, organizar e disponibilizar informações, independentemente do formato que se baseie a comunicação entre pontos da rede de conhecimento, crescente na rede.
Nesse cenário, empreendimentos em trabalho bibliográfico prosperarão se o bibliógrafo-documentalista acompanhar as mudanças, por exemplo, tornando-se adestrador das Inteligências Artificiais que lhe auxiliarão em várias etapas, por exemplo, no emprego de tecnologias semânticas para criar duráveis memórias digitais por meio de metadados reutilizáveis e possíveis de serem preservadas em longo prazo.
E, em contextos de humanidades digitais, o trabalho bibliográfico-documental levará em conta as mudanças de comportamento do internauta e a capacidade da rede em lhe oferecer acesso a vários conjuntos de dados sem barreiras nas seguintes condições:
a) a sobrecarga da informação e a inflação de dados em circulação são fenômenos exponenciais na rede;
b) princípio da memória – isto é, a capacidade de estocagem dos documentos digitais corresponderá à capacidade de acesso, descoberta, utilização e manipulação dos objetos digitais;
c) os futuros modelos digitais de compartilhamento do conhecimento associará federação de dados a camadas sobrepostas na construção dos mundos virtuais pelos quais o internauta conviverá.
Avanços das tecnologias intelectuais, da comunicação e informação em base computacional e em rede têm
aproximado diversas culturas e decorrente disso, uma preocupação crescente com a informação e com a memória intelectual prospera.
Nos eventos de acesso aos sistemas de informação, por exemplo, decorre da necessidade prévia do usuário a busca pré-determinada ou a descoberta inesperada. As operações subsequentes, identificação e seleção, são orientadas por escolhas, constituindo-se no princípio da memória: lembrança e esquecimento .
Nessas circunstâncias, a acumulação e dispersão da massa documental andam de mãos dadas e diante das iniciativas humanas de alargamento das áreas de suas ações, o controle bibliográfico exercido com a Bibliografia e Documentação não é apenas desejável, mas, exigirá a capacidade de atualização e adaptação de seus fundamentos às novas realidades universais na Era Digital.
Bibliografia sugerida
ALENTEJO, Eduardo da Silva. Controle bibliográfico nacional na Era Digital. Rio de Janeiro: SBB, 2023. Disponível em: https://archive.org/details/cbn-era-digital-e-alentejo/page/n3/mode/2up. Acesso em: 12 out. 2025.
CASTELLS, Manuel. Internet e Sociedade em Rede. In: MORAES, D. (org.). Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 255 –287.
CHOWDHURY, G. From digital libraries to digital preservation research: the importance of users and context. Journal of Documentation, v. 66, n. 2, p; 207-223, 2010.
FUREDI, Frank. Information Overload or a Search for Meaning? The American Interest, [S.l.], 2015.
MALCLÈS, Louise Noëlle. La bibliographie. Paris: Presses Universitaires de France, 1956.
MARCONDES, Carlos Henrique. Interoperabilidade entre acervos digitais de arquivos, bibliotecas e museus: potencialidades das tecnologias de dados abertos interligados. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 21, n. 2, p. 61-83, abr./jun. 2016.
WINOGRAD, T. From computing machinery to interaction design. In DENNING, P.; METCALFE, R. (ed.). Beyond Calculation: the Next Fifty Years of Computing. New York: Springer-Verlag, 1997. p. 149-162.