Os Patronos da SBB contribuem para o crescimento e salvaguarda do nosso patrimônio intelectual, participam da criação de novos e inovadores produtos e serviços bibliográficos, de qualidade.
Com isso, integram nossa missão de conectar mais pessoas às maravilhas das ciências da biblioteca, da bibliografia e da cultura por meio de nossos esforços de pesquisa, ensino e aprendizagem.
Como Patrono, você terá uma experiência única sobre o funcionamento do trabalho bibliográfico e da documentação no plano do desenvolvimento das ciências e da cultura e fará parte de uma comunidade de indivíduos com interesses semelhantes, unidos pela paixão à ciência, à cultura e aos livros.
Através da nossa variada campanha de pré-lançamento da Bibliografia da Biblioteconomia on-line, você terá a oportunidade de receber recompensas de nossas equipes de curadores e bibliógrafos.
Nosso time de especialistas elaborou um repertório especializado com 158 indicações. São obras essenciais da Biblioteconomia e de acesso livre, o que contribui para eliminar horas de busca por informação.
Conclamamos o apoio para a nossa campanha no site CATARSE
Capacidade de lotação do auditório: 110 vagas – sem necessidade de inscrições
Apresentação: Com base na experiência docência na disciplina História Bibliográfica Literária, o docente Eduardo Alentejo, da Escola de Biblioteconomia, ministrará curso de Saci Pererê, percorrendo desde as suas origens aos processos de folclorização e fenômeno literário, fundamentados na dinâmica da cultura.
Objetivos: de modo ampliado, visa discorrer sobre o percurso do Saci-Pererê em vários fenômenos de sua instituição cultural nacional: literatura, folclore, resistência. Especificamente, visa fornecer subsídios para desenvolvimento de competência cultural para a promoção e inclusão de comunidades de todos os tipos nos contextos de cultura, educação e Infoempreendedorismo.
Informação está associada à história da transformação da comunicação humana cujas experiências sensoriais se estendem às intelectuais que se acumulam. Do indivíduo para a sociedade, da cultura oral para a escrita e desta para a eletrônica. E com o aperfeiçoamento da escrita eletrônica, a percepção humana de mundo passou a combinar os sentidos com os quais o ser humano tece novos modos de sua leitura de realidade, de verdades, do seu instante imediato ou da sua imaginação sobre o tempo futuro.
O percurso histórico do acúmulo documental e a sobrecarga da informação também indicam que a Bibliografia e a Documentação permanecerão necessárias, levando aos horizontes do uso da informação tantos outros assuntos que caracterizam o presente quanto o futuro do trabalho bibliográfico-documental.
Slide 1: Historiografia da Bibliografia e Documentação: Época Histórica segundo Malclès.
Fonte: O autor (2025)
Todavia, os valores atribuídos à informação evidenciam que a humanidade continuará a buscar a quimera de ter acesso a tudo em um único lugar, de modo rápido e seguro. É em todo esse contexto que os estudos no campo da Bibliografia e Documentação continuam a ser atuais.
Das bibliografias monográficas sucederam as seriadas. Daquelas de cobertura nacional o trabalho bibliográfico se ampliou para o nível internacional. Depois, do formato impresso e analógico para o meio eletrônico em sucessivas interfaces de interação do internauta e modelos distintos de estoques de dados.
E do uso do software e das redes de computadores para a interoperabilidade tecnológica baseada em interconexões de redes de conhecimento, o trabalho bibliográfico se multiplica exponencialmente ao infinito e com isso, a expansão da bibliografia demonstra novos produtos e serviços bibliográficos que bibliotecários e documentalistas podem desenvolver e empreender.
Se na Modernidade, a abundância de documentos já existentes podia produzir efeito de frustração para estudiosos e pesquisadores que queriam descobrir tópicos de seus interesses, a irrupção da nova mídia baseada em rede também contribuiu para ampliar o problema.
Se o ritmo frenético da mudança tecnológica torna difícil, se não impossível, concentrar-se em livros e textos desafiadores, o desenvolvimento das tecnologias digitais já impactou as duas últimas décadas, marcadas pela emergência e pela popularização da Internet em seu papel central junto a outros fatores de mudanças tecnológicas.
Em torno das transformações sociais e econômicas, “encontra-se a ideia de rede como modo de representação da sociedade” (Castells, 2003,, p. 270),
Segundo Castells (2003, p. 270) a ‘sociedade em rede’ tem sua própria geografia formada por “[…] redes e nós que processam o fluxo de informação gerados e administrados a partir de lugares. Como a unidade é a rede, a arquitetura e a dinâmica de múltiplas redes são as fontes de significados e função para cada lugar”.
Slide 2: Historiografia da Bibliografia e Documentação: Época dos mundos virtuais, segundo Alentejo.
Fonte: O autor (2025).
Mas nesse novo e mutante ambiente de interações sociais, a quantidade de dados e da circulação da informação cada vez mais são imensuráveis, a Bibliografia e a Documentação se tornaram ciência, técnica e instrumento simultâneos para conectar mentes com diversos interesses, conectadas e interligadas em rede.
Se a evolução das tecnologias Web pode mudar tradicionais meios de depósito e hospedagem de documentos digitais, por exemplo, bases de dados, banco de dados, repositórios dentre outros, o trabalho bibliográfico que as mantém ainda indispensáveis, continuaria fundamentado na dinâmica sistêmica de colecionar, organizar e disponibilizar informações, independentemente do formato que se baseie a comunicação entre pontos da rede de conhecimento, crescente na rede.
Nesse cenário, empreendimentos em trabalho bibliográfico prosperarão se o bibliógrafo-documentalista acompanhar as mudanças, por exemplo, tornando-se adestrador das Inteligências Artificiais que lhe auxiliarão em várias etapas, por exemplo, no emprego de tecnologias semânticas para criar duráveis memórias digitais por meio de metadados reutilizáveis e possíveis de serem preservadas em longo prazo.
E, em contextos de humanidades digitais, o trabalho bibliográfico-documental levará em conta as mudanças de comportamento do internauta e a capacidade da rede em lhe oferecer acesso a vários conjuntos de dados sem barreiras nas seguintes condições:
a) a sobrecarga da informação e a inflação de dados em circulação são fenômenos exponenciais na rede;
b) princípio da memória – isto é, a capacidade de estocagem dos documentos digitais corresponderá à capacidade de acesso, descoberta, utilização e manipulação dos objetos digitais;
c) os futuros modelos digitais de compartilhamento do conhecimento associará federação de dados a camadas sobrepostas na construção dos mundos virtuais pelos quais o internauta conviverá.
Avanços das tecnologias intelectuais, da comunicação e informação em base computacional e em rede têm aproximado diversas culturas e decorrente disso, uma preocupação crescente com a informação e com a memória intelectual prospera.
Nos eventos de acesso aos sistemas de informação, por exemplo, decorre da necessidade prévia do usuário a busca pré-determinada ou a descoberta inesperada. As operações subsequentes, identificação e seleção, são orientadas por escolhas, constituindo-se no princípio da memória: lembrança e esquecimento .
Nessas circunstâncias, a acumulação e dispersão da massa documental andam de mãos dadas e diante das iniciativas humanas de alargamento das áreas de suas ações, o controle bibliográfico exercido com a Bibliografia e Documentação não é apenas desejável, mas, exigirá a capacidade de atualização e adaptação de seus fundamentos às novas realidades universais na Era Digital.
CASTELLS, Manuel. Internet e Sociedade em Rede. In: MORAES, D. (org.). Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 255 –287.
CHOWDHURY, G. From digital libraries to digital preservation research: the importance of users and context. Journal of Documentation, v. 66, n. 2, p; 207-223, 2010.
FUREDI, Frank. Information Overload or a Search for Meaning? The American Interest, [S.l.], 2015.
MALCLÈS, Louise Noëlle. La bibliographie. Paris: Presses Universitaires de France, 1956.
MARCONDES, Carlos Henrique. Interoperabilidade entre acervos digitais de arquivos, bibliotecas e museus: potencialidades das tecnologias de dados abertos interligados. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 21, n. 2, p. 61-83, abr./jun. 2016.
WINOGRAD, T. From computing machinery to interaction design. In DENNING, P.; METCALFE, R. (ed.). Beyond Calculation: the Next Fifty Years of Computing. New York: Springer-Verlag, 1997. p. 149-162.
Bibliotecas, arquivos, museus e outras instituições de cultura e memória desempenham um papel crucial na democracia. Em sucessivos processos de universalização do conhecimento, esses institutos salvaguardam e preservam o patrimônio intelectual acumulado para garantir que as futuras gerações também possam acessá-lo, independentemente dos meios, impressos ou digitais .
A cultura do livro na Era Digital depende de muitos fatores, a maioria tem origem externa em crescentes processos de exclusão à cultura do livro, de sucateamento da educação e da saúde. Estas são algumas causas de infortúnio que subtraem a possibilidade de emancipação e desenvolvimento.
Na prática, isso consiste em muitas coisas. Por exemplo, manipulação da comunicação social por grandes aglomerados empresariais, crescentes restrições de orçamentos para escolas e bibliotecas, violência descontrolada, por toda lugar, corrupção e impunidade de mãos dadas, descaso de governantes com interesses da população e a incapacidade de seus gestores oferecer soluções.
Resulta disto, por exemplo, que devido as mudanças nos modelos de negócios e aos processos judiciais, obras tradicionais enfrentam obstáculos para que suas versões digitalizadas estejam disponibilizadas na Web. Enquanto o serviço da Google Livros busca textos completos de livros que a Google digitaliza para fornecer acesso a páginas digitalizadas sem contestação judicial coletiva, a iniciativa Internet Archive, sem fins lucrativos, tem enfrentado batalhas intermináveis em tribunais, tendo como penalidade, a censura.
Nesse cenário, de muitos nãos às comunidades de informação e bibliotecas, a exclusão à cultura do livro e da leitura é somada a escassez de políticas de memória, dependência de tecnologia estrangeira e de sua disponibilidade para que novos modelos disruptivos garantam um futuro que contemple a herança digital.
Além disso, especialmente a censura a livros e à Internet tem ampliado os desafios para as bibliotecas e suas comunidades. Em contraste às aspirações por democracia, a censura à liberdade intelectual e à circulação do livro expõe processos de exclusão social e silêncios: “a censura nunca morre: como a liberdade intelectual da qual faz parte, vai mudando de forma” (Hannabuss; Allard, 2001, p. 81).
Em um regime democrático, a liberdade intelectual e o direito de se expressar sustentam a liberdade de publicação, a um sistema editorial cada vez mais forte e uma educação pujante. No Brasil, isso constitui em direitos essenciais, previstos na Constituição Cidadã de 1988.
O Artigo 5º da Constituição do Brasil destaca sobre Liberdade de Expressão:
Inciso IV: é livre a manifestação do pensamento, proibindo o anonimato, o que significa que as pessoas têm o direito de expressar suas ideias, mas precisam ser identificadas.
Inciso IX: a liberdade de expressão é um direito fundamental para a atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, protegendo-a de censura ou licença prévia.
Bibliotecas são janelas abertas para o mundo e sua operação em meio digital as transformam em portais de universalização do conhecimento, talvez só calculável, séculos atrás, com a invenção de Gutenberg. O livro impresso ou digital coexistem e são livros em muitos espaços de circulação, livre de barreiras.
Na Era Digital, assim como a cultura do livro [da leitura] e da inclusão digital estão no domínio da comunicação humana, muitos fatores se constituem em barreiras difíceis de serem transponíveis, mas não impossíveis.
Todos os dias quando um bibliotecário abre as portas da biblioteca para suas comunidades, podemos dizer que seu trabalho é revolucionário. Dai mantê-las em funcionamento em longo prazo, é admiravelmente heroico, Mas fazer delas instrumentos constantes de universalização do conhecimento, é divino!
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Organizado por Cláudio Brandão de Oliveira. Rio de Janeiro: Roma Victor, 2002.
Como citar esse artigo: ALENTEJO, Eduardo da Silva. A cultura do livro na Era Digital. SBB, Rio de Janeiro, 4 out. 2025. Disponível em: https://sociedadebibliograficab.com/.
A mesa redonda intitulada “O Futuro do Patrimônio Bibliográfico Ibero-americano na Era Digital”, organizada pela Biblioteca Nélida Piñon do Instituto Cervantes, no Rio de Janeiro e pela Sociedade Bibliográfica Brasileira (SBB) em associação com a Escola de Biblioteconomia da UNIRIO, reuniu renomados especialistas do Brasil, Espanha, Portugal, México, Argentina e Peru para explorar os desafios e oportunidades que o patrimônio bibliográfico nacional enfrenta em meio às rápidas transformações tecnológicas na Web.
O evento enfatizou a importância da digitalização, preservação, acesso, recuperabilidade da informação em longo prazo, cooperação entre instituições e a integração de abordagens digitais humanísticas para salvaguardar, difundir e democratizar acervos bibliográficos.
Os palestrantes apresentaram panoramas detalhados de suas experiências profissionais, destacando projetos de digitalização sistêmica, marcos legais institucionais em evolução e o papel crucial da formação e capacitação de profissionais. Eles discutiram a coexistência de acervos analógicos e digitais, a necessidade de estratégias de preservação sustentáveis e a importância do engajamento dos usuários, especialmente das gerações mais jovens. Os diálogos também abordaram desafios emergentes, como o impacto da inteligência artificial na catalogação, o problema da obsolescência da informação digital e a necessidade de certificação para garantir a autenticidade digital.
O evento destacou que a preservação do patrimônio bibliográfico não é apenas um esforço técnico, mas também uma responsabilidade cultural que exige colaboração, inovação e uma visão compartilhada em todos os países Ibero-americanos. Os participantes concordaram que, embora a tecnologia traga possibilidades sem precedentes de acesso e pesquisa, ela também exige políticas e práticas ponderadas para manter a integridade, a usabilidade e a relevância do patrimônio bibliográfico para as gerações presentes e futuras.
Fonte: o autor com recursos do Gerador de imagem Microsoft (2025)
Destaques
Programas nacionais abrangentes de digitalização estão transformando a gestão do patrimônio bibliográfico na Espanha, Portugal, México, Argentina, Peru e Brasil.
A cooperação institucional e as redes profissionais, como a ABINIA e a Codicis Erasmus Plus, são fundamentais para o progresso compartilhado na Ibero-América.
Humanidades digitales (Humanidades Digitais) representam uma mudança de paradigma na forma como materiais bibliográficos são pesquisados, ensinados e preservados.
A preservação envolve materiais analógicos e digitais, enfatizando a natureza complementar das coleções físicas e digitais.
A digitalização democratiza o acesso, mas enfrenta desafios como obsolescência tecnológica, limitações de financiamento e complexidades jurídicas.
A inteligência artificial oferece potencial para eficiência de catalogação, mas requer validação humana e considerações éticas cuidadosas.
O treinamento contínuo e a colaboração interdisciplinar entre bibliotecários, arquivistas e pesquisadores são cruciais para a sustentabilidade futura.
Principais Insights
Digitalização como imperativo desafio Cultural: Países como Espanha e Portugal empreenderam projetos de digitalização em larga escala, apoiados por estratégias nacionais e fundos europeus. As bibliotecas digitais espanholas, como a Biblioteca Digital Hispânica e a Europeana, constituem um modelo de património interoperável e acessível. A Biblioteca Nacional Digital portuguesa, apoiada pelo seu Plano de Recuperação e Resiliência, está a digitalizar mais de 22 milhões de imagens, ilustrando a escala e a complexidade destes esforços. No entanto, a preservação digital não se resume apenas ao volume, mas sim à garantia da qualidade, da precisão dos metadados e da longevidade, exigindo atualizações tecnológicas contínuas e a redigitalização de materiais mais antigos.
Cooperação Ibero-americana facilita a padronização bibliográfica e acesso aos seus registros: O papel da ABINIA e redes relacionadas é fundamental na coordenação de políticas, assistência técnica e plataformas como a Biblioteca Digital do Patrimônio Ibero-americano. Essa colaboração contribui para a harmonização dos padrões de catalogação e facilita o acesso transfronteiriço a recursos bibliográficos histórica e culturalmente interligados, refletindo os legados coloniais de Espanha e Portugal. Projetos conjuntos como o Codicis Erasmus Plus aprimoram a formação e o desenvolvimento de capacidades, abordando as disparidades na disponibilidade de recursos entre os países.
Humanidades Digitais como fronteira para pesquisas e preservação bibliográficas: A ascensão das humanidades digitais introduziu novas metodologias de pesquisa que mesclam o conhecimento tradicional em humanidades com ferramentas computacionais. Essas iniciativas criam edições digitais, permitem a transcrição automatizada e promovem novas formas de disseminação. No entanto, projetos de humanidades digitais e esforços de digitalização de bibliotecas frequentemente operam de forma paralela, em vez de integrada, potencialmente perdendo oportunidades de sinergia. Alinhar as prioridades de digitalização com as necessidades de pesquisa pode otimizar o uso de recursos e aumentar a relevância dos acervos digitais.
A preservação se estende além do digital para incluir a materialidade analógica: Os palestrantes enfatizaram que os substitutos digitais não substituem os livros e manuscritos físicos, que carregam informações únicas, como encadernações, anotações e materialidade, que as imagens digitais não conseguem capturar completamente. As práticas de conservação devem equilibrar a preservação com o acesso, defendendo a “morte digna” de alguns itens e garantindo a longevidade e a usabilidade de outros. O acesso físico continua vital, especialmente para o estudo sensorial e tátil, destacando os papéis complementares das coleções analógicas e digitais.
Restrições legais, éticas e práticas moldam o patrimônio digital: leis de propriedade intelectual, restrições de direitos autorais e competências administrativas descentralizadas complicam os esforços para digitalizar e disseminar o patrimônio bibliográfico. Além disso, a escassez financeira, especialmente em países latino-americanos, limita a capacidade de digitalizar de forma abrangente ou manter infraestruturas digitais. A sustentabilidade digital também abrange preocupações ambientais relacionadas ao consumo de energia e à pegada de carbono da digitalização em larga escala e do uso de IA.
Inteligência Artificial: Promessa e Precaução: A IA demonstra um potencial notável para acelerar processos de catalogação, com estudos demonstrando reduções drásticas de tempo em comparação com o trabalho manual. No entanto, as limitações atuais da IA no tratamento de documentos históricos com linguagem arcaica ou formatos complexos exigem supervisão humana para garantir a precisão e a autenticidade. O risco de distorções ou atribuições errôneas geradas pela IA exige um rigoroso controle de qualidade e estruturas éticas. A IA pode complementar, mas não substituir, o trabalho bibliográfico especializado.
Capital Humano: Treinamento, Colaboração e Engajamento Comunitário: O desenvolvimento profissional contínuo surge como prioridade para acompanhar os avanços tecnológicos. Associações, universidades e projetos colaborativos desempenham um papel crucial no aperfeiçoamento de bibliotecários e arquivistas com habilidades atualizadas. Além disso, o engajamento de diversos grupos de usuários, incluindo jovens, por meio de espaços adaptativos e plataformas digitais garante a relevância contínua do patrimônio bibliográfico. Os programas educacionais devem abraçar a inclusão, a sustentabilidade e a responsabilidade social, fomentando novas gerações de guardiões do patrimônio.
Conclusão
O futuro do patrimônio bibliográfico ibero-americano na era digital é moldado por uma complexa interação de inovação tecnológica, cooperação institucional, marcos jurídicos e expertise humana. A transformação digital oferece oportunidades sem precedentes para preservação, acesso e pesquisa, mas requer planejamento cuidadoso, financiamento sustentável e uma compreensão diferenciada do significado cultural dos materiais bibliográficos.
A mesa redonda destacou a necessidade de promover sinergias entre os universos analógico e digital e entre os esforços de digitalização e a pesquisa em humanidades. Em última análise, a salvaguarda desse patrimônio compartilhado exige uma abordagem de integração com a sociedade e interdisciplinar que valorize tanto a tradição quanto a modernidade, garantindo que os tesouros bibliográficos permaneçam acessíveis e significativos para as gerações futuras.
Nós da SBB acreditamos que este foi o primeiro evento que trará outras contribuições, tais como: cursos, seminários e, futuramente, congressos internacionais.
Ao abordar o tema ‘o futuro do patrimônio bibliográfico ibero-americano na era digital’, necessariamente incluímos suas discussões no assunto herança intelectual, refletindo nossas diversidades culturais, identidades e memórias, em infinidades meios de registros.
Patrimônio bibliográfico nesse sentido é uma evidência do processo de universalização do conhecimento; exatamente por estar em constante organização, preservação e disponível para acesso pela sociedade e conservado às futuras gerações, sobretudo, por meio das Bibliotecas Nacionais.
Em tempos de rápidas e novas mudanças tecnológicas, sobretudo, na Web, podemos perceber oportunidades e desafios para as Bibliotecas Nacionais em suas funções de Agência Bibliográfica Nacional.
Oportunidades porque no histórico ibero-americano, a cooperação técnica entre bibliotecas e a transferência tecnológica se fortaleceram ao longo do Século XX, ensejando associações profissionais e constituição de redes de conhecimento, evidentemente, compartilhando boas práticas em consonância com os ideais de universalização do conhecimento, principalmente aqueles expressos no Programa Controle Bibliográfico Universal.
Desafios sempre existiram e de algum modo têm impactado o percurso das Bibliotecas Nacionais em sua missão de memória e guarda do patrimônio intelectual. Em meio a crescentes restrições orçamentárias e a mudanças tecnológicas no ambiente digital, as Agências Bibliográficas Nacionais são desafiadas para manterem suas atividades com eficácia e seus produtos e serviços relevantes para seus países.
É o que se pretendeu com o evento no segundo dia do mês de agosto de 2025; magnífico pela qualidade dos palestrantes do Brasil (Ana Virgínia Pinheiro), Argentina (Analía Fernández Rojo), Portugal (Adália Guerreiro), Espanha (José Luis Gonzalo SánchezMolero), Peru (Cristina Milagros Vargas Pacheco) e México (Gerardo Zavala Sánchez).
Além de tudo, é necessário destacar o empenho do Instituto Cervantes em manter tais discussões fortalecidas, ao longo do tempo, das quais a Sociedade Bibliográfica Brasileira aprecia e compartilha.
E tudo porque, a universalização do conhecimento é o destino inexorável da humanidade.
Instituto Cervantes em parceria com a SBB, Escola de Biblioteconomia-UNIRIO e Consulado do Perú no Rio de Janeiro promove mesa-redonda com especialistas iberoamericanos para discutir o futuro do patrimônio bibliográfico nacional dos países iberoamericanos na Era Digital.
Apoio de: Caçadora de Ex-Libris e REDARTE.
2 de agosto de 2025.
Abertura: Eduardo Alentejo – Integração e cooperação profissional entre os países iberoamericanos para manter, preservar e difundir seu patrimônio bibliográfico nacional entre oportunidades e desafios na Era Digital.
-Mesa 1 José Luis Gonzalo Sánchez-Molero – Universidad Complutense Madrid Facultad Ciencias de la Documentación(UCM) Dália Guerreiro – Biblioteca Nacional de Portugal Analía Fernández Rojo – Biblioteca Nacional de Argentina
Moderador: Filiberto Felipe Martínez Arellano Universidad Autónoma de México – Instituto de Investigaciones Bibliotecológicas y de la Información
–Mesa 2 Gerardo Zavala Sánchez – Universidad Autónoma de México Facultad de Filosofía y Letras Cristina Milagros Vargas Pacheco – Biblioteca Nacional de Perú Ana Virgínia Pinheiro – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Moderador: Filiberto Felipe Martínez Arellano – Universidad Autónoma de México Instituto de Investigaciones Bibliotecológicas y de la Información Sesión de Comentarios y Preguntas Clausura
Evento gratuito e não exige inscrição prévia.
Transmissão no canal do Youtube: @institutocervantesriodejaneiro
Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvidas, o livro. Os demais são extensões do seu corpo… O livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação. – Jorge Luís Borges.
Essa famosa citação de Jorge Luís Borges representa o caminho de reflexão que eu gostaria de traçar nesse Dia Mundial do Livro: o que esse objeto representa em nossas vidas? Aqui não estou propondo uma definição para o conceito “livro”, até porque isso já foi discutido com certa exaustão. Nosso objetivo é pensar sobre a importância desse objeto no nosso interior, dentro do nosso Ser.
Para além de ser um suporte para escrita e leitura, o livro é algo que alcança o nosso cognitivo. Ele já teve diversos formatos – desde tábuas de argila, papiros e pergaminhos do mundo antigo, passando pelos códices medievais até os impressos da modernidade – sempre mexendo com nosso imaginário, nossa memória, nosso raciocínio, nosso juízo. Como bem argumenta o filósofo Ortega y Gasset, os livros representam uma “forma de vida humana.”
Me recordo que não fui uma criança que lia muito. Apesar de crescer com incentivos à leitura (minha mãe sempre lia alguns contos infantis para mim, como “Os três porquinhos”, “João e o pé de feijão”, entre outros) eu preferia assistir televisão ou estar na rua com os amigos.
Contudo, durante a adolescência tive a vontade de ler “O Código da Vinci” de Dan Brown que estava em alta até então. Apesar de ser uma literatura repleta de sensacionalismos e imprecisões históricas, a obra abriu a minha mente para o gosto pela leitura e para a formação que eu gostaria de ter no futuro. Se hoje sou um bibliotecário e historiador com interesses em história da arte, Dan Brown tem certa influência nisso.
Portanto, foi o livro, por meio da palavra escrita, da literatura, que formou o ser humano que vos escreve nesse momento. Aliás, de certa forma a literatura move nossas vidas. Ela é responsável pelo desenvolvimento de nossa cultura, costumes, ações etc. O livro moldou a nossa história e a nossa civilização, ele nos trouxe para esse momento do tempo presente.
Segundo Martin Puchner, é impossível imaginarmos o nosso mundo sem a literatura; um mundo com livrarias e bibliotecas vazias, sem um livro de cabeceira para lermos à noite quando estamos com insônia. O nosso mundo não seria o que é hoje se não fosse pela literatura. E ele tem razão.
São diversos os personagens e acontecimentos históricos que tiveram a presença do livro e da literatura.
Alexandre o Grande em suas campanhas pelo mundo antigo carregava a “Ilíada” de Homero como um texto fundamental e de inspiração para a sua vida e objetivos; graças a palavra escrita os textos clássicos de filosofia como Platão, Aristóteles e Confúcio chegaram aos dias atuais; foi por meio da leitura e reflexão a respeito do “Manifesto do Partido Comunista” de Marx e Engels que a União Soviética montou as bases dos seus ideais. Por conseguinte, para o bem ou para o mal, a literatura tem uma importância crucial para a construção da nossa civilização.
É isso que o livro faz; ele é capaz de penetrar na nossa mente, de se instalar no nosso Ser, de apresentar resoluções para nossos conflitos internos e externos enquanto indivíduos antagonizados (aqui me refiro ao sentido freudiano do termo “indivíduo”, ou seja, as disputas internas e externas da nossa psique).
Pegar o livro, abri-lo, folhear, ler, refletir, pensar, analisar, escrever. Talvez esse seja um dos maiores prazeres da vida humana.
O historiador francês Roger Chartier nos lembra que o livro é muito mais do que um simples objeto físico, ou seja, eles são produtos provenientes de uma construção social, histórica e cultural.
Eles não são apenas suportes para leitura e escrita, mas fazem parte de todo um “sistema de práticas sociais” que envolve a produção, circulação, leitura e apropriação dos textos.
Chartier afirma que o sentido da palavra escrita não está apenas no que o autor escreveu, mas também em como o leitor irá interpretá-la. E essa leitura irá depender de fatores políticos, sociais, culturais, históricos etc.
Contudo quando analisamos a situação do nosso País, os dados assustam no que diz respeito à leitura. Segundo a 6° edição do “Retratos da leitura no Brasil”, do Instituto Pró-livro, o País de hoje teria, aproximadamente, 93,4 milhões de leitores, isto é, uma redução de 6,7 milhões se compararmos aos quatro anos anteriores. Além disso, de todos os entrevistados, 53% não teriam lido sequer uma obra inteira nos três meses anteriores à pesquisa – são dados alarmantes porque é a primeira vez na história brasileira que podemos concluir que a maioria dos brasileiros não leem um livro sequer.
Além de hoje ser o Dia Mundial do Livro, o Rio de Janeiro foi escolhido como a “Capital Mundial do Livro” no ano de 2025. Esse é um momento chave para tentarmos mudar esse cenário e trabalharmos o incentivo à leitura. Por mais que os livros ainda sejam produtos com um alto valor de aquisição, o Brasil tem uma série de bibliotecas públicas com todo tipo de literatura que podemos imaginar – só a cidade do Rio de Janeiro possui cerca de 31 bibliotecas municipais, por exemplo.
É o momento de bibliotecários, profissionais do livro, intelectuais, profissionais da comunicação etc., atuarem juntos em prol de algo que é essencial para a nossa formação enquanto cidadãos brasileiros.
O intelectual americano Lionel Trilling recorda que a literatura é um recurso essencial para compreendermos a profundidade da experiência humana; ela nos ajuda a viver com as ambiguidades, as incertezas e as contradições da existência. Segundo Trilling, “a função moral da literatura é ensinar a complexidade da vida e a dificuldade das escolhas humanas.”
Referências
BROWN, Dan. O Código Da Vinci. São Paulo: Arqueiro, 2004.
CHARTIER, Roger. A mão do autor e a mente do editor. São Paulo: Ed. Unesp, 2014.
Fonte: Acervo do Arquivo Nacional – Fundo Correio da Manhã. Identificador: BR RJANRIO PH.0.FOT.23005 001.
Por Rodrias
Luiz Gama foi uma das figuras mais marcantes da história brasileira no século XIX. Nascido em 1830, vendido como escravizado ainda menino e alfabetizado apenas na juventude, ele se tornou advogado, jornalista, poeta e um dos principais nomes do abolicionismo. Sua vida e seus escritos revelam uma convicção central: a educação é um instrumento de liberdade.
Gama não teve acesso à educação formal. Foi autodidata. Aprendeu a ler com colegas de infância, mergulhou nos livros por conta própria, e usou o que aprendeu para lutar contra a escravidão. Chegou a libertar mais de 500 pessoas com sua atuação jurídica. Em sua famosa Carta ao Filho, ele aconselha: “Instrução e trabalho são os únicos meios de viver honradamente.” Para ele, o saber era mais que um bem pessoal: era uma arma contra a opressão.
Em seus artigos no jornal Radical Paulistano, Gama defendia o papel da palavra escrita como ferramenta de denúncia e transformação. Ele escrevia para o povo, denunciava injustiças e explicava leis. Ao fazer isso, não apenas informava: educava. Acreditava que todos tinham o direito de saber, entender e questionar. Em suas Máximas, afirmou: “A ignorância é o maior auxílio da tirania.”
Mais de 140 anos após sua morte, as ideias de Gama continuam atuais. O Brasil ainda enfrenta sérios desafios educacionais: evasão escolar, analfabetismo funcional e desigualdades regionais. A educação, apesar de garantida constitucionalmente, ainda não chega com a mesma qualidade a todos os brasileiros. Nesse cenário, o pensamento de Luiz Gama serve de base para refletirmos sobre o que significa educar em um país marcado por desigualdades históricas.
Outro ponto essencial no legado de Gama diz respeito ao acesso ao conhecimento. Sua trajetória autodidata se conecta diretamente com a importância das bibliotecas públicas, escolares e comunitárias como espaços de formação crítica, cidadã e autônoma. Se, no século XIX, Gama buscava livros para aprender por conta própria, hoje milhões de brasileiros ainda veem nas bibliotecas um dos poucos caminhos viáveis para o estudo gratuito, silencioso e igualitário. A valorização desses espaços é parte do combate à exclusão cultural — algo que ele, em vida, fez com afinco ao tornar acessíveis os saberes jurídicos por meio da imprensa.
Por isso, ao pensarmos no futuro da educação brasileira, é urgente lembrar que ela precisa ser inclusiva, crítica e baseada na ideia de liberdade. Como Gama bem mostrou, educar não é apenas ensinar a ler e escrever, mas formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Seu exemplo permanece como uma referência ética, intelectual e social para todos que acreditam que o conhecimento é, sim, um ato de libertação.